“Frankenstein” (1910), por Thomas Edison
Cada vez mais identifico uma dificuldade, em muita gente, em lidar com filmes cujo passo é mais lento e cuja seqüência narrativa não tem o ritmo vertiginoso das películas neuróticas cheias de ação e com tão menos espaço para reflexão. Esteja eu certo ou não, o que me parece é que há uma corrente, hoje, que vê cinema como mero entretenimento.
Há grandes representantes, hoje, de um cinema que apele mais para a capacidade do público de pensar e que não supõe que se esteja diante da tela somente para se divertir. O cinema-diversão é ótimo, enfim, contanto que não seja o único-cinema.
Aos olhos do espectador ávido por coisas originais, efeitos especiais e nada mais que diversão, as cenas do “Frankenstein” de 1910, produzido pela companhia de cinema de Thomas Edison, podem parecer datadas, toscas e patéticas. O olho mais treinado, contudo, vai perceber que há grande densidade e um raro potencial dramático neste filme de terror do início do século.
Curioso em suas escolhas artísticas, o filme apresenta um monstro de Frankenstein que emerge de uma solução, uma caldo nutriente, como que uma cultura celular que se alastra de membros mortos para formar um corpo agonizante.
O catálogo da companhia, o “The Edison Kinetogram”, de 15 de Março de 1910, dizia sobre o filme: “Para aqueles para os quais a estória da Sra. Shelly é familiar parecerá evidente que omitimos cuidadosamente qualquer possibilidade de chocar parte da audiência. Ao confeccionar este filme a Companhia Edison tentou meticulosamente eliminar qualquer situação repulsiva e se concentrar nas questões místicas e psicológicas encontradas nesta estranha parábola. Se há divergências, portanto, entre a estória original trata-se puramente da idéia de eliminar aquilo que pudesse ser repugnante para o espectador de imagens em movimento.”
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