SteamPunk ~ A Dança e o Movimento
Pelo mundo afora, a cultura SteamPunk se propagou em diversas manifestações artísticas, saindo do nicho literário e do cinema, chegando também à música e, por consequência, à dança. Mas diferente do que se imagina, a última nada tem a ver com os bailes vitorianos que se sucediam na alta nobreza, em salões espalhafatosos de candelabros e castiçais de diamantes. Não. A maior e mais conhecida de todas as expressões acabou se dando na dança do ventre, em um estilo chamado Tribal Fusion.
O Tribal foi criado nos anos 70/80, nos Estados Unidos, por Carolena Nericcio, dançarina e diretora do grupo FatChanceBellyDance, um dos maiores representantes do estilo até hoje. Carolena uniu a dança do ventre clássica e tradicional a elementos de outros tipos de dança, como a egípcia e folclóricas, adicionando também uma nova postura, com braços mais elevados e pés mais rentes, junto ao chão. As vestimentas também mudaram, atribuindo tatuagens, flores e outros elementos mais naturais e primitivos, como adorno. A esse estilo, Carolena deu o nome de American Tribal Style, mais conhecido como ATS. O ATS é essencialmente uma dança em grupo, o que dá a característica de “tribo” – dái o uso da palavra “tribal” – e baseado em danças de improviso. Alguns passos são característicos e a dançarina à frente indica com um sinal de dança, o movimento que irá fazer a seguir, desse jeito fazendo todo o grupo ser apto a imitá-la.
Porém, ao longo dos anos, com a disseminação do ATS, outros tipos de dança começaram a incorporar o Tribal. As regras essenciais do estilo começaram a ser mudadas, tornando a dança cada vez mais pessoal e com mais da personalidade da dançarina. Foi criada, então, uma vertente do ATS, conhecida como Tribal Fusion. Esse estilo é mais popular que o de Carolena, por ser mais abrangente. Apesar de se manter ainda grande parte da postura original, o Tribal Fusion pode agregar e se mesclar a praticamente todos os tipos de dança, os mais comuns sendo o hip hop, o break, a dança indiana, o flamenco e até mesmo danças de cabaré. As músicas escolhidas são das mais variadas, existindo desde música eletrônica, World fusion music, hip hop, trip hop até mesmo Gothic e Heavy Metal. Músicas circenses, vintage e outros tipos também podem entrar, tudo depende do gosto de quem irá dançar e da coreografia.
Por conta disso, foi muito fácil o SteamPunk também se manifestar no Tribal. Além das bandas cujas influências são essencialmente do movimento, como Abney Park, Clockwork Quartet, Unextraordinary Gentleman e Dr. Steel, outras bandas, com sons metálicos ou que lembram, de certa forma, músicas de filmes antigos, também são escolhidas, como é o caso de Beats Antique. As roupas, assim como em todo o movimento do Tribal Fusion, sai a gosto do freguês, mas a maioria das fãs do gênero encontra uma forma de intercalar as influências do vitoriano e acessórios SteamPunk à forma da roupa de dança, que deve ter boa mobilidade e, claro, mostrar o ventre.
No Brasil, o ATS e o Tribal Fusion são acontecimentos recentes. Os primeiros workshops e primeiros professores do estilo por aqui, apareceram apenas em 2007. Em julho de 2009, aconteceu o primeiro encontro internacional de Tribal Fusion do Brasil, em São Caetano do Sul, e em outubro do mesmo ano, o primeiro evento voltado à dança da cidade de São Paulo. Apesar disso, o estilo está crescendo a cada dia, ganhando mais dançarinas, que já eram ou não envolvidas na dança do ventre clássica. Com isso, e com o crescimento também do movimento SteamPunk no país, quem sabe em breve não teremos bailarinas nacionais movimentadas a vapor, huh?
A autora
Dana Guedes (@dana_aoi) é de São Paulo, é escritora amadora, tem formação em Design Editorial e é entusiasta do gênero e do movimento SteamPunk.
Diligente, Dana Guedes foi uma das primeiras pessoas a contatar o Conselho SteamPunk acerca da iniciativa Literária aoLimiar e a ajudar a conceituar a Rede Social de Editoras, Escritores e Leitores de Literatura Fantástica.