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Medo Imortal - Uma conversa com o Comendador - SteamPunk
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jul 25 2019

Medo Imortal – Uma conversa com o Comendador

A Academia Brasileira de Letras foi fundada em 1897, o mesmo ano em que Drácula foi publicado. É claro, não podemos traçar qualquer paralelo da imortalidade atingida pelos escritores brasileiros em suas fardas verdes, e o vampiro de Bram Stoker, não mais do que podemos traçar algum paralelo entre O Homem Invisível, de H.G. Wells, lançado no mesmo ano, e certas obras dos imortais brasileiros que parecem ser ignoradas por muita gente, como se tivessem, de fato, se tornado invisíveis…

Bem, talvez exista algo em comum entre tudo o que foi citado. O Medo. E nas páginas da antologia Medo Imortal, isso fica muito claro. O livro, parte da coleção Medo Clássico da Darkside® Books, reúne treze autores, entre patronos, fundadores, e imortais da Academia Brasileira de Letras, e nos traz contos, todos produzidos entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, que evocam o sobrenatural, o monstruoso, e o macabro. Incluindo obras da escritora Júlia Lopes de Almeida, que embora tenha participado da criação da Academia, acabou sendo barrada de fazer parte dela por ser mulher.

A organização desta antologia fica a cargo de ninguém menos que de Romeu Martins, jornalista, escritor, e o primeiro Comendador do Conselho Steampunk, tendo recebido a Ordem da Caldeira em idos de 2011.

O Comendador e sua Ordem da Caldeira

 É claro que não perderíamos a oportunidade de ter uma pequena conversa com ele sobre esse impressionante livro, então entramos em contato com o Romeu para fazermos algumas perguntas.

Infelizmente o Comendador se encontrava ainda preso na dimensões do medo, um lugar aparentado das Terras dos Sonhos. Misterioso e cheio de perigos, esse é um território metafísico que abriga todas as obras de horror já escritas ou pensadas pela mente humana.

Entrar fisicamente em um reino onde todo tipo de abominação sobrenatural e terror psíquico toma forma material é algo extremamente arriscado, para quem não é um explorador onírico experiente, então decidimos contatá-lo de maneiras alternativas.

Fazendo uso de nosso comunicador espiritual necrofônico (patente pendente), com um daguerreótipo do Comendador em mãos para ajudar a localizá-lo, e usando um vidro de legítimo ectoplasma em uma infusão de névoa de Santa Catarina como componente somático para estabilizar a conexão, conseguimos estabelecer um contato rudimentar com ele, e aqui está transcrição de nossa entrevista.

Alô, Romeu? Consegue me escutar?

Câmbio, digo, alô, Karl? É que estava tentando ajustar a antena na direção da Vila de São Vicente, mas então me dei conta de que este não era o seu período histórico… Ai já é o Paraná do Norte? Acho que ainda, não, né? Ixe, não era pra você saber disso ainda… Ah, sim, São Paulo, São Paulo… Achei aqui. Pronto, agora sim.

Alguma coisa parece estar causando interferência na conexão… esse barulho são asas batendo?

Deve ser a maldita carvorita criciumense provocando chuva de gelo ácida novamente. Granizo de cianureto quando cai na antena é uma desgraça. Acaba com a pintura.

Ah, agora estou te escutando melhor. Romeu, eu estou aqui com a Medo Imortal, e pensei que poderíamos falar um pouco sobre a antologia, se não estiver muito ocupado por aí.

Tranquilo, estava ocupado tentando decifrar um texto escrito dentro do acordo ortográfico luso-castelano de 2053. Por isso, se eu errar alguma crase, não estranhe. É que por aqui tornaram ela ilegal e voltaram com a crase. E micro-ondas, graças a Baal, perdeu o hífen novamente!

Então vamos lá, antes que os carniçais do Vale de Pnath te alcancem.
Como surgiu a ideia de organizar a coletânea?

Surgiu num momento bastante inusitado e de certa maneira propício ao terror. Em dezembro de 2017, minha mãe, que faz tratamento contra um câncer de mama, precisou ser levada na emergência do hospital em que se consulta. Para nosso azar, foi justo no dia em que a equipe estava reformulando os procedimentos, logo tudo estava um caos por lá. Demorou horas para ela ser atendida e quando isso aconteceu ficou isolada. Eu tinha apenas uma coisa para ler na minha mochila enquanto esperava: a antologia nacional de terror Páginas de Sombra, organizada por Braulio Tavares. 

Não é uma experiência que eu recomende, ler contos de terror numa situação daquelas, mas vou confessar que me marcou bastante. 

Então, quando a Dona Dete finalmente pôde voltar para casa, já medicada, tive que cancelar todos os meus compromissos para cuidar dela naquele fim de ano. Durante esse tempo comecei a pesquisar sobre autores brasileiros que escreveram terror ali pela virada do século XIX para o XX. Foi quando descobri uma autora chamada Júlia Lopes de Almeida e seu livro de contos Ânsia Eterna, publicado originalmente em 1903, mais tarde tarde revisado em 1938. Podemos dizer que foi amor à primeira vista, tanto pelos textos como por sua história pessoal; sobre como ela participou de todo o processo de criação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, mas acabou tendo sua entrada vetada na hora H.

A ideia de organizar um livro com autores que fizeram parte da ABL, que tivessem escrito em algum momento alguma obra de inspiração gótica, e nele incluir então aquela mulher extraordinária começou a mexer comigo. Mexer seriamente. 

E quanto tempo foi da ideia inicial até o livro ser lançado?

Até o final de dezembro mesmo eu já tinha um esboço do que poderia ser tal livro e uma apresentação contextualizando o momento histórico. Pedi para uma grande amiga minha, a Ana Resende, copidescar essa apresentação e enviei tudo para um dos editores da Darkside, uma editora justamente especializada em terror. Depois da virada do ano, Bruno Dorigatti, o editor, me respondeu que haveria, sim, interesse. Começamos a conversar. 

O aperto de mão definitivo foi quando a Darkside foi convidada para participar de um evento aqui, a ComicCon Floripa, em maio de 2018. 

Ali eles me pediram para aumentar a aposta: eu havia proposto dez autores, com dois contos cada. Como o livro, que já havia começado a ser chamado de Medo Imortal, faria parte da coleção Medo Clássico da editora (que já havia trazido Frankenstein, coletâneas de Poe e Lovecraft e estava prestes a publicar Drácula), descobri que ele poderia ser bem mais volumoso do que eu havia planejado. Digamos, duas vezes mais volumoso.

Na verdade, a antologia só alcançou a forma que teve porque a editora realmente comprou a ideia com um entusiasmo empolgante. Lá mesmo o editor pediu para eu ampliar o número de autores de dez para o cabalístico número 13, tão ligado ao universo de terror.

Então voltei à prancheta de desenhos. Levou pouco mais de um mês, então, algo entre junho e julho do ano passado, para eu enviar os contos dos 13 autores. Se formos pensar em trabalho bruto para organizar o sumário, escolher os autores e seus contos, fazer uma pré-revisão de tudo, escrever textos de apresentação para cada um deles… Dá para dizer que levou um pouco mais de dois meses, espaçados nesse período de namoro à distância. 

Qual foi o seu critério para escolher os autores e contos para o livro?

Um primeiro critério foi que, sempre que eu pudesse escolher, a opção seria pelo conto que trouxesse algum elemento sobrenatural. Tanto que no primeiro esboço do livro, eu nem pensei em publicar Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, na íntegra. Minha ideia era de apresentar apenas dois dos contos que formam aquela obra, escolhendo aqueles em que se poderia enxergar elementos extranaturais.

Quando soube que a obra poderia ter mais páginas eu não hesitei em publicar o texto na íntegra, claro. Mas a ideia de enfatizar o sobrenatural ainda persistiu. Porém, em muitos casos, os contos estão lá mesmo sem ter esse tipo de elemento, como em dois dos meus favoritos: “Os Porcos”, de Júlia Lopes de Almeida, e “Pai Contra Mãe”, de Machado de Assis. 

Então, podemos dizer que o critério definitivo para escolher os contos e seus autores foi aqueles que conseguissem provocar uma sensação de inquietação em mim.

Foi assim, por exemplo, que José de Alencar ficou de fora, e entrou Fagundes Varela e seu ótimo conto “Guarida de Pedra”, por exemplo.

Aluísio Azevedo, Humberto de Campos, Bernardo Guimarães, Afonso Arinos, Coelho Neto, Afonso Celso, Machado de Assis, Medeiros de Albuquerque, Álvares de Azevedo, Júlia lopes de Almeida, Inglês de Sousa, Fagundes Varela e João do Rio no traço de Lula Palomanes

Quais dos autores selecionados você já sabia que haviam se aventurado pelas temáticas macabras, quais você descobriu no caminho que tinham molhado o pé nessas águas turvas, e quais você descobriu a existência no processo de organizar a coletânea?

Logo depois da descoberta de Júlia Lopes de Almeida, que eu desconhecia completamente, não apenas seus contos de terror, e quando a ideia se segmentou, eu tinha certeza de quem gostaria de ver no livro. Machado de Assis teria que constar com seu “A Causa Secreta”; Pelo menos parte de Noite na Taverna; João do Rio e “O Bebê de Tarlatana Rosa” eram obrigatórios; Humberto de Campos, idem; “A Sombra”, de Coelho Neto, já era uma referência para mim; mesma coisa para “Demônios”, do Aluísio Azevedo…

Uma surpresa veio quando tive que ampliar a lista de autores e fui pesquisar mais patronos, escritores que haviam morrido antes da criação da ABL, e fiquei sabendo das experiências pioneiras de Bernardo Guimarães, que só conhecia por “Escrava Isaura”, e desconhecia seu causo “A Dança dos Ossos”.

Agora, autores que eu nunca ouvira falar foram vários: o citado Varela, Afonso Celso e seu “Valsa Fantástica”, os contos amazônicos do Inglês de Sousa; Afonso Arinos e Medeiros e Albuquerque. Foram descobertas que gostei muito de ter a oportunidade de fazer. 

Você mencionou que José de Alencar ficou de fora da seleção final, existe mais algum autor que se encaixaria na temática, mas que não pode incluir na seleção, seja pelo conto de terror não provocar a mesma reação dos outros, ou por não estar ligado a ABL?

Vou te dizer o que mais lamentei deixar de fora, que cheguei mesmo a incluir no primeiro esboço de um sumário, até me dar conta de que ele morreu jovem demais e não entrou na ABL (mas ele é patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras): o poeta Augusto dos Anjos. Até havia escolhido meia dúzia das minhas poesias favoritas do seu único livro, “Eu”. Mas daí não teria uma justificativa aceitável para fugir da minha regra auto-imposta: membros, ou patronos, da ABL que tivessem escrito algo da chamada literatura do medo no período entre 1850 e 1950. A exceção para comprovar a regra já seria a Júlia Lopes de Almeida, como havia combinado com meu editor, Bruno Dorigatti. Então, o Anjo ficou de fora.

Não foi dessa vez Augustinho.

Quais foram suas maiores surpresas no processo de organizar o livro?

Além dos autores que citei, em si, posso dizer que foi a existência de tantos pesquisadores dedicados ao gótico e ao terror no Brasil. Tenho que destacar o blog Sobre O Medo, mantido por professores e acadêmicos da UERJ. A leitura dos ensaios daquele grupo me ajudaram muito, de maneira inestimável, a ter uma noção mais completa da história do terror no Brasil.

Também fiz algumas descobertas inusitadas a respeito da biografia de alguns autores. Por exemplo, eu comecei a organização já sabendo que Humberto de Campos teria sido psicografado por Chico Xavier e se tornado um bestseller post-mortem. Mas o que não sabia  era que o caso havia parado nos tribunais, com a viúva e filhos exigindo direitos autorais, afinal era o nome de Humberto de Campos que estampava a capa dos livros espíritas. Acabei lendo mais a respeito em uma tese de doutorado em direito que cito nos textos de apresentação, e é uma história fantástica por si mesma.

Da mesma forma, foi bem curioso descobrir que o autor do nosso hino da Independência, Medeiros e Albuquerque, tenha sido um entusiasta do ocultismo que adquiriu o insólito hábito de praticar hipnotismo sempre que encontrava voluntários que estivessem dispostos a se arriscar com suas habilidades no ramo.

Que tendências e estilos de horror você encontrou presentes nos trabalhos que selecionou para o livro?

 Acho que dá para mapear o horror nacional em três grandes territórios, num sentido geográfico mesmo: aquele que surge nas grandes cidades, como na literatura de Machado de Assis e de João do Rio; o que se dá no interior profundo do Brasil, como no exemplo citado de Bernardo Guimarães ou os contos “A Garupa” e “Assombramento”, do Afonso Arinos; e aquele terror que habita nossas selvas, em Medo Imortal, representado por Inglês de Sousa e suas histórias “Acauã” e “O Baile do Judeu”.

Mas, para dar outro exemplo, achei inusitado encontrar dois textos que poderíamos chamar de vampirismo não-sobrenatural: “Dentro da Noite”, do João do Rio, e “Nevrose da Cor”, da Júlia Lopes de Almeida. 

E entre esses estilos e tendência, achou algum autor que já os usava antes dos nomes que os deixaram mais conhecidos?

Acho que o exemplo mais radical de pioneirismo é, para variar, do Bruxo do Cosme Velho. Não podemos nos esquecer que em termos de psicopatas, Machado de Assis identificou em um de seus personagens de “A Causa Secreta”, de 1885, pelo menos dois marcadores que o FBI só registraria de modo empírico nos EUA na segunda metade do século XX. Quem leu o livro que inspirou a série Mindhunter da Netflix vai entender do que estou falando. 

Ou seja, ele foi um pioneiro não apenas em termos literários, mas um visionário mesmo se pensarmos em termos de psiquiatria forense.

Um outro bom exemplo é Humberto de Campos e seu conto “Os Olhos que Comiam Carne”, que antecipou em pelo menos três décadas um famoso filme de Roger Corman que une FC e terror: “O Homem de Olhos de Raios-X”. 

Existem alguns autores que não nos surpreendemos de terem se enveredado pelo terror, mesmo que brevemente. É fácil imaginar o João do Rio se deparando com coisas assustadoras na madrugada carioca, entre boêmios e feiticeiros, e escrevendo sobre elas, mesmo que de maneira ficcionalizada, e a obra de Álvares de Azevedo fica bem naquele epicentro de mortalhas e punhaladas. Houve algum autor, mesmo que não tenha entrado na coletânea, que te surpreendeu por ter escrito algo nesse estilo? 

Um contemporâneo de Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, que é conhecido por sua obra poética, foi uma surpresa e tanto. Descobriram apenas um século depois que ele havia publicado na década de 1860 apenas três contos em um jornal, aparentemente são os únicos exemplares de prosa que ele vendeu. E os três contos são todos sobrenaturais. Escolhi um deles para o livro, “Guarida de Pedra”, e também um exemplar de sua poesia, “A Cruz”, que também ficou engavetado por muito tempo após sua morte, e traz um experimento formal que não faria feio entre nossos poetas concretos.

Qual o seu conto (ou poema) favorito da coletânea?

Poesia é uma que não aparece no sumário, mas que está no encerramento do texto de apresentação de Álvares de Azevedo, aquela que começa com os versos: “Se eu morresse amanhã, viria ao menos/ Fechar meus olhos minha triste irmã;/ Minha mãe de saudades morreria/ Se eu morresse amanhã!”. Este poema foi lido no dia do enterro do poeta.

Conto, para ser sincero, apesar de todo o impacto que “Os Porcos”, de Júlia Lopes de Almeida, provocou em mim, sou obrigado a escolher outro. Muitos falam que “A Causa Secreta” é o que de mais incômodo e forte que Machado de Assis criou no gênero, mas sou obrigado a discordar. Para mim, tal título cabe a “Pai Contra a Mãe”. É um conto tão poderoso que se Poe o tivesse escrito, nos lembraríamos dele por “Coração Delator”, “O Corvo” e “Pai Contra Mãe”. Se tivesse sido Lovecraft o autor, nos lembraríamos dele por “O Chamado de Chtulhu”, “Nas Montanhas da Loucura” e “Pai Contra Mãe”. Enfim, se qualquer outro autor tivesse escrito esse conto, nós lembraríamos da pessoa por essa obra. No caso de Machado de Assis, bem pouco, muito, muito pouco, se fala nele. Mas acho uma das peças de narrativa curta mais poderosas que já li em toda minha vida.

Sobre Júlia Lopes de Almeida, como encontrou a obra dela pela primeira vez?

Foi naquele período em que minha mãe estava se recuperando em casa, e eu me dividi entre cuidar dela e fazer a pesquisa informalmente em meu tempo livro, inspirado pelo livro do Braulio Tavares. Comecei a pesquisar sobre autores da ABL que haviam escrito terror e o google me levou a algumas notícias sobre como ela havia sido injustiçada quando foi barrada na instituição que ajudara a formatar. Dai li citações a seus contos do livro Ânsia Eterna e, graças ao blog Sobre o Medo, pude ler uma dissertação a respeito, da pesquisadora Ana Paula A. Santos.

Depois que Medo Imortal foi lançado, acabei comprando uma edição rara e esgotada da coletânea de Júlia Lopes de Almeida. Posso dizer que foi o livro pelo qual paguei mais caro na vida. E olha que eu já tinha comprado alguns livros bem caros antes dele. Mas valeu cada centavo. Ânsia Eterna virou uma espécie de amuleto aqui para mim. Tomara que mais e mais leitores tenham a oportunidade de conhecer esses contos.

Como foi aprender sobre a trajetória dela na literatura, incluindo sua parte na criação da ABL, e como ela foi impedida de fazer parte da organização?

Devo isso principalmente à dissertação da pesquisadora Ana Paula A. Santos, “O Gótico Feminino na Literatura Brasileira: Um Estudo de Ânsia Eterna”. Devorei aquelas páginas no dia em que descobri o material. E também a um artigo de outra pesquisadora, na Folha de S. Paulo, Michele Asmar Fanini, que foi quem descobriu que a escritora chegou mesmo a ter sua candidatura proposta pelo advogado e fundador da ABL Lúcio de Mendonça. Foram esses textos e mais os contos de Júlia, “Os Porcos” e “As Rosas”, que me deram a vontade de organizar Medo Imortal.

Retrato a óleo de Júlia Lopes de Almeida, pintado por Richard Hall, em 1922

Posso dizer que estou muito contente por aquele impulso inicial, lá de dezembro de 2017 ter dado certo. A antologia foi anunciada no final de maio de 2019, e fizemos um lançamento em Florianópolis no dia 7 de junho. Desde então, sem exageros, algumas dezenas de milhares de pessoas passaram a ouvir pela primeira vez o nome de Júlia Lopes de Almeida e a associá-la ao gótico e à ABL. Uma parte dessas pessoas já teve a oportunidade de conhecer sua literatura. Já percebi direta ou indiretamente o retorno de muitas, muitas dezenas, acho que algumas centenas, dessas pessoas. E até agora, ninguém mostrou arrependimento. Então, viva Júlia Lopes de Almeida e viva Medo Imortal! 

Bem, e com isso acho que podemos encerrar nossa… Romeu? Acho que a conexão está caíndo…

[ruídos de garras arranhando metal]

Está me ouvindo Romeu?

[vento ululante e barulho de chuva]

Comendador?

[estática]

Aqui a transmissão se encerrou e foi impossível estabelecer contato novamente na atual conjuntura planetária. Esperamos que o Comendador Romeu Martins volte são e salvo de sua expedição extradimensional, e traga consigo novos e incríveis projetos.

A antologia Medo Imortal, organizada por Romeu Martins, conta com trabalhos de Afonso Arinos, Afonso Celso, Aluisio de Azevedo, Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães, Coelho Neto, Fagundes Varela, Humberto de Campos, Inglês de Sousa, João do Rio, Julia Lopes de Almeida, Machado de Assis e Medeiros e Albuquerque, e ilustrações de Lula Palomanes. O livro pode ser comprada no site da Darkside® Books, em uma edição de capa dura.

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Karl Felippe
Karl@steampunk.com.br